9 de novembro de 2011

Cigarros de aroma e sabores variados. Não se iluda, o vilão continua o mesmo: a nicotina

Cigarros de aroma e sabores variados. Não se iluda, o vilão continua o mesmo: a nicotina


Com sabores e aroma variados de chocolate, menta, cereja, canela, entre outros, os aditivos em cigarros parecem inofensivos, mas não é bem assim. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), o consumo de cigarros aromatizados entre adolescentes de 13 a 15 anos, e adultos e jovens, de 17 a 35 anos, no país, chega a 44%. A pesquisa foi realizada entre 2002 e 2005. "Os aditivos em cigarros" é o foco do "Dia Nacional de Combate ao Fumo" deste ano.

A adolescente J.G.H, de 19 anos, que não quis se identificar, afirma que prefere os cigarros com aditivos. "comecei a fumar no ano passado. Estava em viagem com amigos e eles estavam bebendo e fumando, resolvi experimentar. Hoje, fumo somente em festas e ocasiões especiais. Prefiro cigarros com sabor porque acho o gosto do tradicional desagradável".

A pneumologista Maria das Graças Rodrigues, presidente da Comissão de Controle de Tabagismo, Alcoolismo e outras Drogas da Associação Médica de Minas Gerais e Coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, diz que "a colocação de sabores nos cigarros serve para que os jovens não desistam de experimentar por causa do gosto ruim e do mal-estar das primeiras tragadas".

Os aditivos liberam maior quantidade de nicotina livre, ou seja, são rapidamente absorvidos pelo organismo e causam maior impacto nos centros nervosos cerebrais.


Ela acrescenta que, a cada duas pessoas que experimentam o tabaco, uma fica dependente. Estudos mostram que cerca de 90% das pessoas ficam dependentes antes dos 20 anos, e 50% das pessoas que experimentam fazem disso um hábito.

De acordo com o Ministério da Saúde, o tabagismo provoca mais de 50 doenças, sendo responsável por 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema e bronquite crônica), 25% das mortes por doenças coronarianas, 30% das mortes por câncer e 25% das mortes por acidente vascular cerebral (derrame).

O número de fumantes tem diminuído no Brasil, de acordo com pesquisa da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) do Ministério da Saúde. De 2006 a 2009, o percentual de fumantes adultos era de 16, 2%. Em 2010, esse número caiu para 15%. Mesmo com esse avanço, a situação é preocupante. De acordo com estimativa da OMS (Organização Mundial de Saúde), um terço da população mundial adulta, aproximadamente 1,2 bilhão de pessoas são fumantes. De acordo com a OMS, cerca de 6 milhões de pessoas morrem anualmente devido à exposição à fumaça do tabaco. Já no Brasil, o Inca estima que 200 mil pessoas morram por ano em decorrência do cigarro. O tabagismo passivo, por sua vez, mata no mesmo período 600 mil pessoas no mundo, dessas 2.665 somente no Brasil, sendo que mais de 25% das vítimas são crianças.  Difícil, mas possível

O biomédico Pedro Prates, de 23 anos, trocou o cigarro pelo esporte. "fumei durante sete anos uma média de dez cigarros por dia. A decisão veio porque pratico futebol e o rendimento estava caindo. Nas primeiras semanas foi difícil, mas consegui. Muita coisa melhorou na minha vida, como a resistência física e o hálito" afirma, com satisfação.

Já o fotógrafo Renato Reis Mota, de 42 anos, se sentia incomodado de não poder fumar em lugares fechados. Esse foi o empurrão que faltava para ele largar o vício. "fumei durante 26 anos mais de um maço por dia. Parei um período, mas voltei. Em janeiro do ano passado, parei em definitivo por força de vontade. Tudo melhora, respiração e o paladar, principalmente". Renato convive com várias pessoas que fumam e, mesmo assim, ele diz que a vontade de fumar passou "eu só não posso mais é dar o primeiro trago".


O dramaturgo Wesley Machiori, de 36 anos, levou a iniciativa de parar de fumar para a rede social. Está mobilizando inúmeros amigos "parei de fumar há 15 dias, com uma média de 40 cigarros por dia". O incentivo veio depois que a sua mãe parou de fumar "no segundo dia, já senti melhor. Coloquei no Facebook, pedindo para as pessoas me ajudarem. É uma reação em cadeia, um para e todo mundo para. Assim como o cigarro contamina, a iniciativa de parar também".

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